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E tudo começou no dia 27 de Junho de 1981
"TRANSCRIÇÕES DO MEU DIÁRIO DE ADOLESCENTE"
11 de Julho de 1980
Querido Diário,
Sabes, a Paulinha vai perguntar ao Paulo xxxxx o que é que ele acha de mim. Sabes, eu agora ando no ballet às segundas e quintas-feiras e ainda na segunda-feira passada vi o Paulo xxxxx. Não é para me gabar mas aposto como ele tem um fraquinho por mim, sabes porquê? Porque no São João fomos a Rxx-de-Mxxxx, á noite, eu a Paulinha e os pais dela ás festas e fomos á escola de música e o Paulo xxxxx passou por mim e eu disse-lhe: - “oi” e ele respondeu-me – “Ah? Á olá, desculpa não te reconheci.” – Era de noite. Ele depois foi levar o instrumento não sei onde e voltou então depois, e quando eu olhava para ele de lado, ele estava sempre a olhar para mim, mas com aqueles olhinhos tão azuis, e deitava-me cá uns olhares, parecia que me queria comer com os olhos. Quando fui dançar ele não tirou os olhos de mim. Estou mortinha que chegue Outubro, pois é quando abre a escola de música e quando eles vão fazer uma festa e então, vais ver, é que eu me vou atirar a ele.
2 de Agosto de 1982
Após ter namorado com o Paulo xxxx, soube que ele andava também com a “gorda” da Teresa do conjunto e como de palhaça já tinha feito papel uma vez e não queria fazer tornar a fazê-lo, acabei tudo com ele.
Mas no dia 12 de Junho tivemos a nossa festa de fim-de-ano escolar na tabxxxxxx, que foi linda. O Paulo estava lindo, com umas calças azuis escuras, camisa azul e branca e blazer azul-escuro, estava lindo. Eu levava a minha saia azul escura com racha de lado, camisete cor-de-rosa com folhos e sandálias brancas de salto alto. Acabada a festa na Tabxxxxxx, fomos falar com os tipos da comissão para nos deixar fazer um baile na escola, em Rxx-de-Mxxxx, pois era fim de ano lectivo e véspera de Santo António, e eles deixaram. O Paulo ficou de me ir buscar a casa, mas como tardasse, fui de comboio e ele não estava lá e eu estava fula, pois pensava que ele não viesse, mas foi. Quando voltei para casa ele foi comigo e quando estávamos na estação á espera do comboio começo a ateimar que tinha mais força que ele, ele dizia que não e ia-se aproximando e eu dizia que sim até que acabamos por unir as nossas bocas num longo beijo e ele disse-me: -“Estás um amor!” e tornou a beijar-me uma e outra vez, passaram alguns comboios até que resolvemos apanhar um. Desde aí continuamo-nos a encontrar e voltamos a namorar.
17 de Abril de 1983
O Paulo anda afastado, tivemos uma conversa a sério onde ele me queria dizer que curtia com outras, mas não conseguiu e eu disse-lhe que sabia pois não era parva nem ele santo, consegui aguentar-me e pedi-lhe para ficar comigo mesmo que não gostasse de mim porque eu gostaria pelos dois, não o podia perder. Continuo a adorar o Paulo com aquele amor calmo, com tanto carinho. Amo-o tanto, tenho tanto medo de o perder, não sabia o que fazer, ia ficar perdida. Entretanto ele abraçou-me, beijou-me disse que gostava de mim e continuamos.